Trabalhadores fazem duras críticas ao processo à reestruturação da estatal, que prevê a centralização das decisões na sede e a extinção das superintendências regionais.
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O projeto de reestruturação da Infraero, que começou a ser implantado no início de 2013, irá causar sérios prejuízos à aviação brasileira e significa um retrocesso para a estatal, com a centralização das decisões na sede e o aniquilamento das superintendências regionais. O alerta é feito pelo representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da estatal e secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Célio Barros.
Em ofício encaminhado à presidência do Sindicato (EM ANEXO), o conselheiro formalizou suas críticas e apontou alternativas à segunda tentativa de reestruturação da Infraero e solicitou que Sindicato intensifique a cobrança junto ao governo por uma participação efetiva dos trabalhadores nesse processo.
Esta é a segunda reestruturação que a Infraero implementa nos últimos três anos. O fracasso da primeira, cujas propostas eram semelhantes às de agora, revela que o caminho escolhido pela direção da Infraero, mais uma vez, pode resultar em prejuízo nas atividades aeroportuárias e nas condições de trabalho dos funcionários.
“Entendo que o projeto é maléfico, com consequências danosas na vida profissional de muitos aeroportuários”, afirma Célio. A primeira tentativa de reestruturação da estatal aconteceu em 2009 e previa a extinção de 50% da estrutura das superintendências regionais ligadas à sede e a fusão de outras. As regionais Norte, em Belém, e Noroeste, em Manaus, foram interligadas na época, e os resultados foram negativos na avaliação do conselheiro. Sem um prognóstico claro e objetivo, a reestruturação foi interrompida seis meses depois, gerando um grande prejuízo financeiro para a estatal, destaca Célio.
Agora, o objetivo é transformar todas as regionais em centros de suporte técnico, concentrando as decisões na sede da Infraero, em Brasília, e extinguindo funções. “Será uma catástrofe em um país de dimensões continentais optar por um modelo extremamente centralizado, exterminando as superintendências. Os trabalhadores estão desmotivados e desnorteados com essa decisão. A grande maioria dos aeroportos ainda não foi devidamente estruturada no que diz respeito à independência na gestão de todos os seus processos”, afirma.
Célio entende que a estatal não está preparada para essas mudanças e que elas se contrapõem às propostas do governo de fomentar a aviação regional no país, tendo a Infraero como protagonista desse processo. “A exclusão do papel das regionais no sistema operacional, comercial, de segurança e administrativo dos aeroportos da rede enfraquecerá a política regional de crescimento da aviação e infraestrutura aeroportuária”, explica. Para Célio, o funcionamento das regionais é imprescindível para a expansão da aviação regional como propõe o governo.
Por outro lado, os trabalhadores apontam pontos de estrangulamento que deveriam ser enfrentados pela Infraero, como a terceirização de atividades fim. O conselheiro propõe que a estatal amplie a capacitação dos funcionários, modernize sua gestão, reverta a internacionalização de aeroportos que não atuam de fato como porta de entrada para o país, fomente a criação de novos aeroportos hubs como foco no turismo, busque o reajuste das tarifas defasadas e se contraponha às normas da Anac que elevam os custos do sistema aeroportuário.
Célio defende que a Infraero discuta a reestruturação com os trabalhadores e que dê garantias de que essas mudanças a colocarão num patamar de maior eficiência. O Sina propôs à Infraero que experimentasse suas propostas de reestruturação em um projeto piloto, em uma localidade, para depois ampliar as medidas para outras bases. A entidade irá defender os aeroportuários que forem prejudicados com a reestruturação e está ingressando na Justiça para questioná-la.
O presidente do Sina, Francisco Lemos, enviou ofícios com a posição da entidade, nesta sexta-feira (6/3), ao ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, ao secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, e ao presidente do Conselho de Administração da Infraero, Guilherme Ramalho. Já estão agendadas reuniões para os próximos dias com os ministros Padilha e Rossetto, na luta para reverter a reestruturação.