Violência doméstica na mira dos sindicatos dos Transportes da América Latina

O projeto Defensoras das Mulheres, idealizado pela Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) e trazido ao Brasil pelo Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), teve uma segunda etapa de formação e integração realizada nos dias 12 a 14 de novembro, em Guarulhos (SP).

Projeto Defensoras - Sina/ITF

A etapa, também ministrada pela neozelandesa Jodi Evans, a inglesa Claire Clarke e a brasileira Andrea Privatti, ligadas à ITF (www.itfglobal.org/pt/global), reuniu dirigentes do Sina e das entidades: Sindicato Nacional dos Aeroviários, Sindicato Nacional dos Aeronautas, Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos, Sindicato de Trabajadores de Lan Peru AS (Sitralan), Sindicato de Tripulantes de Cabina de Lan Peru (STCLP) e Federación Nacional de Trabajadores de Transporte por Carretera Logística Distribuición de Carga y Descarga Argentina.

O objetivo dessa formação foi construir estratégias para incluir nas negociações com as empresas do setor de Transportes, incluindo as administradoras de aeroportos, a criação de cláusulas, nas convenções e acordos coletivos de trabalho, visando garantir os direitos das mulheres vítimas de violência doméstica ou assédio.

Já está comprovado por estudos, inclusive acadêmicos, que a violência doméstica faz cair a produtividade das empresas, dentro outros diversos prejuízos. Durante o evento, os sindicalistas destacaram que os trabalhadores da aviação atuam transportando vidas e, assim, o estresse causado pela violência doméstica pode gerar impactos ainda maiores e resultados avassaladores. “É essencial uma atenção comprometida das empresas aéreas e administradoras de aeroportos para dar conta dessa situação e proteger as trabalhadoras”, afirmam os sindicalistas.

A violência de gênero, muitas vezes, traz risco de morte para mulheres e seus filhos. Também as fragiliza, inclusive na manutenção dos seus empregos. A capacitação que o Sina vem realizando junto com a ITF, somada ao apoio do RH das empresas e de uma política que contemple, por exemplo, licenças para que as trabalhadoras possam se defender ou proteger da forma que necessitarem, estando a empresa ciente e apoiando-as nesse momento são ações que fazem toda a diferença.

Lemos ressalta que “os aeroportos são áreas extensas, com comunidades que podem chegar a 30 mil trabalhadores, como pequenas cidades, ou ilhas dentro das cidades, e se conseguimos trazer esse assunto para dentro das administradoras de aeroportos, o resultado desse trabalho torna-se muito relevante”. “Podemos salvar a vida de trabalhadoras, manter empregos,  encarar de frente esse problema com a justiça social que exige”, destaca. No Canadá, segundo Evans, já há na lei licença remunerada para a vítima nesses casos.

A primeira etapa do curso reuniu mais de 40 dirigentes sindicais, foi realizada em maio desse ano e teve o objetivo de formar sindicalistas capacitadas a acolher trabalhadoras vítimas de violência doméstica, além de identificar, nos espaços de trabalho (nos aeroportos), trabalhadoras que estão passando por essa situação.

Na última sexta-feira (9/11), o presidente do Sina, Francisco Lemos, reuniu dirigentes da entidade e da ITF com representantes da Infraero e das concessionárias Rio Galeão e Vinci para debater ações conjuntas, visando proteger as trabalhadoras vítimas de violência doméstica.

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