Temer toca a trombeta anunciando o apocalipse das estatais

Como um coral angelical digno do apocalipse, o presidente Michel Temer, seus ministros e técnicos anunciaram nessa quarta-feira (23/8), fumegando na nuvem neoliberal que paira sob os céus do Brasil, o fim do mundo para as estatais do país.

A desculpa é que as privatizações e concessões irão render R$ 44 bilhões em investimentos ao longo da vigência dos contratos. Claramente, o que vemos é um governo que descaradamente abre mão da sua responsabilidade de garantir à população a prestação de serviços essenciais, realizados via estatais, relacionados à Educação, Saúde, Habitação, Transporte, Segurança. O anjo avesso Michel Temer está brincando de deus ao contrário, destruindo o mundo.

O governo federal, sem nenhum pudor, compromisso ou ética, colocou uma placa de “vende-se” na Infraero, Eletrobras, Casa da Moeda. E oferece crediário próprio para os compradores através do BNDES, da Caixa ou do Banco do Brasil. Já sabemos que negócios similares estão sob investigação da Polícia Federal e Ministério Público, com suspeitas de desvio de dinheiro e calote aos cofres públicos. Mas até a nossa fábrica de dinheiro está à venda. É irônico que antes desse anúncio o povo tenha sofrido com a falta de papel para imprimir passaportes brasileiros. Seria uma farsa para justificar a venda?

Dinheiro para emendas parlamentares não falta no Brasil. Falta para reajustar salários, manter projetos sociais e promover políticas que façam nosso país retomar o crescimento. Afinal Temer é ou não um anjo avesso?

 

O que Temer e seus ministros anunciaram nesta quarta

O governo federal pretende leiloar 14 aeroportos no segundo semestre de 2018. Os seguintes aeroportos poderão ser concedidos em dois blocos, conforme sugestão do Ministério do Planejamento: no bloco Nordeste estariam os aeroportos de Maceió, Aracaju, João Pessoa, Campina Grande, Juazeiro do Norte e Recife; no bloco Centro-Oeste, os aeroportos de Cuiabá, Sinop, Alta Floresta, Barra do Garças e Rondonópolis. O Ministério dos Transportes confirmou o interesse em leiloar os aeroportos de Congonhas (SP), Vitória (ES), Santos Dumont e Macaé (RJ). Assim como de vender a participação acionária da Infraero nas concessionárias que administram os aeroportos de Guarulhos, Confins, Brasília e Galeão. Foi incluído no programa de leilões a privatização da Eletrobras e da Casa da Moeda.

Congonhas, segundo o governo, renderia até R$ 5,6 bilhões aos cofres públicos. Contudo, a venda do aeroporto traria uma perda de receita de R$ 3 milhões ao ano para a Infraero, recursos utilizados pela estatal para manter os aeroportos deficitários. E a perda do aeroporto para a Infraero significaria a sua extinção, denuncia a direção do Sina. Qualquer nova concessão de aeroportos da Infraero é prejudicial à estatal, mas Congonhas é essencial à sua sustentabilidade, reforça o Sindicato.

 

Data-base: Infraero ainda não apresentou contraproposta ao Sina

O presidente do Sina, Francisco Lemos, chegou a Brasília nessa quarta-feira (23) para exigir da direção da Infraero que, mesmo com o anúncio desse cenário apocalíptico, apresente uma contraproposta para o acordo coletivo da data-base 2017. A empresa ainda segue devendo uma contraproposta aos trabalhadores. Lemos vem questionando o descaso da empresa sobre o tema, uma vez que o calendário de assembleias do Sindicato está marcado para a próxima semana, e a ausência de uma contraproposta do patrão não impedirá a deliberação por parte dos trabalhadores das ações que serão tomadas pela categoria.

Lemos lembra também que está relatado nas sagradas escrituras que o último anjo a tentar ser deus foi escorraçado do céu juntamente com a legião de seguidores. Portanto, esse negócio de brincar de deus pode selar o destino dos nossos angelicais governantes brasileiros, que devem ter em mente a máxima conhecida de que o inferno está repleto de criaturas com boas intenções.

(Sérgio Lima/Poder360)

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