Laudo do IC permanece inconcluso 7 meses após 1ª morte em Viracopos

Do G1 Campinas e Região

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Sete meses após o operário Cleiton Nascimento Santos morrer soterrado no canteiro de obras da ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), o laudo da perícia realizada pelo Instituto de Criminalística/IC no local do acidente permanece inconcluso. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo/SSP, o documento é necessário para que a investigação policial seja finalizada e entregue à Justiça.

“Se o laudo apontar que houve negligência de alguém e isso contribuiu para o acidente, pode ser que alguém seja indiciado”, explicou a delegada que preside o inquérito, Isabella Vita Bossler. Ela disse que não recebeu justificativa ou prazo para ter em mãos o laudo que será usado nas investigações.

Segundo a assessoria da pasta de segurança do estado, outra apuração criminal que segue sem conclusão refere-se ao acidente ocorrido no mês de abril, quando o desabamento de uma laje de madeira deixou 14 operários feridos, após eles caírem de uma altura de quase dez metros. A SSP não informou a causa do atraso na entrega dos laudos das perícias até a publicação desta reportagem. A delegada que apura o caso, Maristela Nader, não foi encontrada para comentar o assunto.

‘Em andamento’

Segundo o perito criminal do IC de Campinas Wilson Antônio Pereira, que responde pela diretoria do instituto durante ausência do perito Nelson Patrocínio Silva, o laudo sobre o acidente que provocou a morte de Cleiton Santos “está em andamento” e deve ser concluído em breve.

Sobre o caso que deixou 14 operários feridos, Pereira informou que a avaliação foi realizada por uma equipe de São Paulo e o laudo será entregue à Polícia Civil nos próximos dias. Procurada pelo G1 , a assessoria do Consórcio Construtor Viracopos/CCV, responsável pelas obras de ampliação do terminal aéreo, preferiu não comentar o assunto.

Série de acidentes

O operário Cleiton Nascimento Santos, de 25 anos, morreu quando trabalhavam em uma escavação na rede de água, próximo à torre da central de operações do aeroporto.

De acordo com a assessoria do Hospital Dr. Mário Gatti, ele teve quatro paradas cardiorrespiratórias, chegou a ser reanimado, mas não resistiu. Por causa do acidente, Viracopos aceitou pagar uma indenização de R$ 2,1 milhões após acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Segundo o MPT, R$ 630 mil serão destinados à família do operário e a outra parte do montante refere-se aos danos morais causados à coletividade, cuja divisão será de 50% para entidades beneficentes e outros 50% para campanha sobre prevenção de acidentes.

Em abril, o desabamento de uma laje de madeira nas obras de ampliação do aeroporto deixou 14 operários feridos, sendo um deles em estado grave. De acordo com o Corpo de Bombeiros, eles faziam trabalho de concretagem em cima da estrutura, que cedeu.

Morte eletricista

O acidente mais recente no aeroporto ocorreu em 24 de outubro, quando o operário Vinicius Souza Bueno, de 19 anos, trocava uma lâmpada em poste localizado no estacionamento de ônibus e caiu da plataforma elevatória de um caminhão.

De acordo com a Secretaria de Saúde, a vítima chegou ao pronto-atendimento do Jardim São José com parada cardíaca e não resisitiu aos ferimentos. O inquérito sobre o caso foi aberto pela Polícia Civil no dia seguinte. A investigação trabalha com as hipóteses de falha humana ou mecânica.

Após o mais recente acidente, o CCV afirmou, em nota oficial, que segue todas as normas regulatórias de segurança e saúde do trabalho, bem como exige que os subcontratados também cumpram. Atualmente, 6,5 mil operários atuam nas obras de ampliação e o prazo de entrega do novo terminal da passageiros do aeroporto de Viracopos é maio de 2014.

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