Infraero: data-base e privatizações; chega do Brasil descarado

O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) recebeu, na tarde de ontem (25/8), um ofício da diretoria da Infraero informando a posição da empresa em relação à data-base 2017, que vem sendo negociada desde maio. No documento, mais uma vez, a empresa não oferece absolutamente nada, ou seja, nenhuma contraproposta. Todavia, a Infraero reconhece que o Sindicato irá realizar, nos próximos dias, assembleias gerais em todas as dependências da empresa.

O patrão oficializou que está relutante em oferecer um reajuste de 0% nos salários e demais cláusulas econômicas do acordo. Porém, essa enrolação já está passando dos limites, ainda mais nesse momento em que a bússola da empresa está pior de ser compreendida que a usada pelo pirata Jack Sparrow, personagem conhecido dos filmes Piratas do Caribe. Se fosse ficção o que relatamos aqui sobre a Infraero, ou o Brasil, seria cômico, mas a tragédia que se impõe às vidas e às carreiras dos trabalhadores aeroportuários, nesse momento, causa revolta até mesmo a samaritanos e pollyannas de plantão.

O presidente do Sindicato, Francisco Lemos, esteve em Brasília, durante essa semana, e enfrentou o sobrevoo dos abutres que anunciaram novas vítimas entre as estatais que serão dilaceradas, se depender deles.  Dentre os alvos de ataque, querem arrancar da Infraero os últimos órgãos vitais que mantêm a empresa viva.

Diante desse quadro podre, mercenário e apocalíptico para a nossa empresa, não resta outra alternativa nesse momento ao Sindicato se não convocar, através das nossas assembleias marcadas para os dias 29, 30 e 31 de agosto, propor e aprovar junto com os trabalhadores mais um dia nacional de luta da nossa categoria. Data essa em que exigiremos uma contraproposta decente e sem perdas de direitos conquistados ao longo de nossa história com sangue, suor e lágrimas. Assim como concluirmos o processo atrasadíssimo da data-base desse ano. E mandaremos um recado duro para o governo Temer de que nossos trabalhadores têm, em primeiro lugar, hombridade, vergonha na cara e, acima de tudo, a consciência de que construímos, conjuntamente com outras categorias do ramo de Transportes, a infraestrutura aérea que permite a um país continental como o nosso a imprescindível manutenção da soberania nacional e a integração do povo brasileiro.

Se não impusermos o respeito que merecemos, enquanto trabalhadores da Infraero e cidadãos brasileiros, e se não cumprirmos nosso dever de reagir, passaremos para a história como aqueles que vestiram a vergonhosa carapuça dos covardes e, a partir daí, teremos que aceitar qualquer migalha, miséria ou escarro que seja lançado a nós.

Portanto, companheiros e companheiras, pais e mães de família, trabalhadores e trabalhadoras, não deixem de comparecer às nossas próximas assembleias. Nelas, juntamente com o Sina, decidiremos que tipo de futuro seremos capazes de construir para nós, nossas famílias, nosso Brasil.

O Sina tem a atual gestão pautada pela coragem, união e responsabilidade, e a entidade luta para transmitir esses princípios a todos que representa. Sem dúvida, como ocorre muitas vezes na história dos povos, fomos tragados por um momento histórico hostil, tanto a entidade, quanto os aeroportuários, como brasileiros. Assim, se quisermos escrever novas páginas dessa história e sermos lembrados no futuro como categoria de luta, precisamos sair da zona de conforto, alterar a nossa linha de pensamento e, acima de tudo, superar as diferenças ideológicas, religiosas, étnicas, sociais, diferenças essas que são usadas pela classe dominante de qualquer sociedade no mundo para desunir e enfraquecer o povo e os movimentos.

A gestão atual do governo federal certamente terá que ser revista por toda a sociedade, mas a nós cabe passar a limpo a infraestrutura aeroportuária, tão necessária e estratégica para o povo brasileiro.

A diretoria do Sina irá definir, na próxima segunda-feira (28) o dia nacional de manifestações a ser apresentado e deliberado pela categoria nas assembleias. “Os aeroportuários podem iniciar um movimento extremamente importante para por fim a esse Brasil descarado, para que possamos recomeçar a construção do país que todos queremos e lutamos”, avalia Lemos, presidente do Sindicato.

Vamos à luta!  O recomeço desse enfrentamento será o comparecimento maciço nas assembleias, inclusive dos companheiros e companheiras da categoria que já estão aposentados, pois as ações do governo Temer contra a Infraero colocam em risco, inclusive, nosso fundo de pensão (Infraprev), que também pode vir a ser devorado por chacais.

Veja AQUI o ofício enviado pela direção da Infraero ao Sina e venha discuti-lo nas nossas assembleias.

Compartilhar