‘Ia fazer faculdade’, diz tio de operário morto após acidente em Viracopos

Parente diz que vítima, de 19 anos, estava feliz no local onde trabalhava; acidente em área do aeroporto também deixou outro ferido, na quinta-feira, 24/10.

Do G1 Campinas e Região

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“Ele ia fazer a faculdade de engenharia e seguir carreira. Contente na empresa onde trabalha, gostava muito do que fazia”. Segundo Faustino Barros, este era o plano do sobrinho Viniciuis Souza Bueno, de 19 anos, morto após acidente na área de ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). A vítima foi enterrada na tarde desta sexta-feira, 25/10, no Cemitério da Saudade, em Sumaré (SP). O acidente no terminal deixou outro funcionário ferido, na tarde de quinta-feira.

Barros lembrou que o sobrinho começou como estagiário e estava há dois anos na empresa Tormel Engenharia. Os pais do rapaz preferiram não falar com a imprensa e, durante o velório, parentes e amigos dele demonstraram inconformismo com o acidente. “Um rapaz novo, tinha a vida inteira pela frente”, lamentou o colega Thales Gomes.

Segundo a assessoria da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, responsável pelo terminal, os dois funcionários são contratados pela empresa Tormel Engenharia e usavam todos os equipamentos de segurança. Eles caíram de uma plataforma elevatória de caminhão, quando trocavam uma lâmpada em poste localizado no estacionamento para ônibus.

A Polícia Civil abriu inquérito para apurar se houve falha mecânica ou humana durante o acidente e também planeja nova perícia na próxima semana. Nenhum representante da Tormel Engenharia foi encontrado pelo G1 para comentar o assunto até esta publicação.

‘Milagre’

A mulher do operário Ivanil Eusébio, internado no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti após o acidente, contou que ele está consciente, mas corre o risco de perder o movimento das pernas em virtude de fraturas na coluna. “Os médicos falam que foi um milagre de Deus, porque não era nem para estar aqui”, ressaltou Franciane Pierre Domingos.

Sobre o momento do acidente, ela diz que o marido recorda de poucos detalhes. “Ele só lembra que foi um impacto muito forte, que a caçamba não parou. É a única coisa que ele sabe falar”.

Série de acidentes

O acidente na tarde desta quinta-feira foi o terceiro no Aeroporto Internacional de Viracopos em sete meses. O desabamento de uma laje de madeira nas obras de ampliação, em abril, deixou 14 operários feridos. O primeiro acidente ocorreu em março, quando um soterramento provocou a morte de um funcionário e deixou dois feridos.

Em nota, a assessoria do Consórcio Construtor Viracopos (CCV) afirmou que segue todas as normas regulatórias de segurança e saúde do trabalho, bem como exige que os subcontratados cumpram as regras de segurança e saúde no ambiente de trabalho. “As causas do acidente estão sendo apuradas pelos órgãos competentes, sendo que o Consórcio Construtor Viracopos vem auxiliando os trabalhos e fornecendo documentos e informações”, diz o texto.

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