Estrangeiras tiram fatia de nacionais

Por João José Oliveira para Valor Econômico

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O número de empresas aéreas estrangeiras operando no Brasil pode chegar a 52 neste ano, superando o recorde de 47, registrado em julho de 2011, segundo dados da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac). Nove companhias entraram com novos pedidos – dois já foram aprovados.

De acordo com dados obtidos pelo Valor, as duas empresas que já receberam o sinal verde para operar comercialmente com linhas para o Brasil, de passageiros ou cargas, são a americana Amerijet, com sede em Miami, e a Avient, do Zimbabué. Outras sete estão com pedidos na Anac, aguardando resposta: Aruba Airlines, Air Algérie, Royal Air Maroc, a nigeriana Arik Air, a sul-coreana Asiana, a AirBerlin e a polonesa Lot Polish Airlines.

Hoje, sem as duas novas empresas já autorizadas pela Anac a operar, o total de companhias ligando o Brasil a outros países somaria 43. Número que saltará a 52 se as outras sete também receberem sinal verde. Neste ano, começaram a operar no Brasil a Etihad, a Ethiopian e a Sky Airline.

“Existe demanda cada vez maior pelo Brasil, fortalecendo o papel de grande hub [centro de distribuição de voos] do Hemisfério Sul”, disse o presidente da Junta de Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil (Jurcaib), Robson Bortolossi, que responde pelos interesses de 35 companhias estrangeiras no Brasil. Conforme dados da Anac, entre 2003 e 2012, a participação das companhias estrangeiras no transporte de passageiros em voos internacionais vem crescendo.

Há dez anos, as aéreas de fora respondiam por 58,5% dos voos realizados nessa categoria e as locais, por 41,5%. Ano passado, as estrangeiras atingiram 70,3% desse bolo, enquanto as domésticas recuaram a 29,7%.

Entre 2003 e o ano passado, o número de turistas estrangeiros que visitaram o Brasil saltou de 4,1 milhões para 5,8 milhões. A projeção do Ministério do Turismo é de 7,2 milhões de viajantes internacionais no país ano que vem e 7,9 milhões em 2016, ano da Olimpíada do Rio.

Se for batido o recorde de companhias aéreas internacionais voando no Brasil, o próximo passo é elevar a taxa de conectividade. O país registrou em outubro 1.144 voos semanais domésticos a partir de destinos internacionais – recorde para esse mês. Mas abaixo do ápice de 1.197 de fevereiro do ano passado.

“Esse movimento demanda alguns fatores, como infraestrutura, regulação e tributação”, aponta Bertolossi. Atualmente, os voos internacionais ligam 15 cidades brasileiras a 58 destinos de 35 países. No melhor momento, os aeroportos do Brasil faziam conexão entre 20 municípios locais a 59 cidades de 36 países.

“Por isso a questão de infraestrutura é fundamental”, diz o presidente da Jurcaib. O executivo disse que obras em pistas que estão em andamento atualmente, como em Recife, já motivaram cancelamento de voos, caso da panamenha Copa Airlines.

As estrangeiras cobram ainda infraestrutura capaz de receber os maiores aviões das duas principais fabricantes do mundo – o A-380 da Airbus e o 747-8 da Boeing – que transportam cerca de 50% mais passageiros que as aeronaves atualmente usadas para ligar o Brasil a outros continentes. A alemã Lufthansa e as árabes Emirates e Etihad estão entre as aéreas que estão prontas para trazer mais estrangeiros ao Brasil com aeronaves maiores.

Para a Emirates, dona da maior frota de aeronaves Airbus A-380, a infraestrutura aeroportuária brasileira, inferior às de vizinhos como Chile e Equador, está atrasando a expansão no país. A companhia aponta que a demanda nas rotas entre Emirados Árabes ao Brasil está reprimida e poderia dobrar se houvesse aeroportos capazes de receber superjumbos.

A Lufthansa quer elevar a taxa de expansão no país de uma média anual de 20%, entre 2009 e 2013, para patamar superior a 25%. E uma das estratégias é usar aeronaves maiores.

Hoje, a estrangeira com maior oferta no Brasil é a American Airlines, com 88 voos semanais.

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