CONCESSÃO DO AEROPORTO DE CONGONHAS: PROCESSO AGALOPADO E DESASTROSO

Para o Sindicato Nacional dos Aeroportuários, sem sombra de dúvidas, a concessão tem um aspecto de desespero do governo federal em realizá-la. Entendemos que o TCU aprovou a viabilidade do processo de desestatização, porém, a Secretaria de Aviação Civil – SAC, em sincronia com a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC e o Ministério da Infraestrutura, imediatamente lançaram o edital do leilão com data do dia 18 de agosto.

Os aeroportos que fazem parte desse bloco são praticamente os últimos tradicionais administrados pela Infraero e, dentre eles, está o aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Para o presidente do Sina, Francisco Lemos, esse aeroporto funciona como uma peça extremamente justa na engrenagem complexa da cidade de São Paulo e, qualquer alteração nesta peça, deveria passar por uma discussão e análise mais ampla com a ALESP, Câmara Municipal, Ministério Público Estadual e entidades ligadas diretamente à operação daquele aeroporto, como associações de moradores e o próprio sindicato. Isso porque, o Sina identificou que a discussão aberta pela SAC com a sociedade paulista e paulistana, deu ênfase apenas ao impacto ambiental (ruídos e emissão de gases poluentes) devido ao aumento na quantidade de vôos que estão nos planos do concessionário privado, aumento esse de 36% na operação do aeroporto e transformando Congonhas em um aeródromo internacional.

Imagine que 36% de aumento operacional causa um impacto proporcional também no trânsito já caótico da região e a mobilidade daqueles que residem, trabalham e trafegam por aquele canto da cidade de São Paulo além do aumento, também, do interesse da criminalidade no aeroporto e seu entorno, porque, uma vez transformado em internacional, passa a ser mais uma porta de evasão de divisas e tráfico internacional de armas e drogas.

O Sina não está discutindo os princípios da política liberal do governo, porém, é preciso ficarmos atentos que a proposta do novo concessionário é excluir em grande parte a aviação executiva de Congonhas e, este fato criará dificuldades para a dinâmica business de São Paulo.

Concluindo, a data desse leilão deveria ser transferida para um outro momento, onde o projeto dessa concessão estivesse melhor discutido e aprimorado em todas as suas vertentes e interesses, tal como está sendo conduzido o processo do aeroporto Santos Domunt, na cidade do Rio de Janeiro que, assim como Congonhas, são tidos como jóias da coroa e, segundo o presidente do sindicato, Francisco Lemos, “jóias valiosas não se vendem na feira do rolo, mas, sim, em joalherias”.

Presidente do Sina, Francisco Lemos, durante discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo

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