Por Fábio Pupo para Valor EconômicoVale, presidente da CCR: Grupo também estuda outras oportunidades, como o aeroporto de Santiago, no Chile
Controlada pelos grupos Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido, a CCR decidiu que irá fazer propostas ao governo tanto pelo aeroporto de Galeão (RJ) como pelo de Confins (MG), conforme disse uma fonte que acompanha a empresa. A entrega de propostas por parte dos interessados acontece hoje até as 16h, em São Paulo, e o leilão está marcado para sexta-feira (22).
A decisão da CCR em oferecer propostas reforça a ideia, que cresceu nos últimos dias, de que o governo conseguirá licitar os dois projetos, apesar de mais uma vez um leilão de transportes receber fortes críticas de técnicos do setor privado a respeito dos estudos de custo e receita encomendados pelo governo. “Erraram feio nas estimativas de investimento”, diz um executivo de outro grupo. Pelo menos um segundo consórcio, formado pela Odebrecht e pela operadora asiática Changi, manifesta interesse em ambos os aeroportos.
Conforme informações, oito tenciais consórcios demonstraram interesse no leilão. Mas dois deles já desistiram, pois tiveram sua participação limitada pelas regras. Quem já é concessionário de aeroporto pode ter, no máximo, 15% das ações de um consórcio na disputa por Galeão e Confins. A Triunfo Participações e Investimentos (TPI), que já controla Viracopos, chegou até a conversar nos bastidores para a formação de uma sociedade – mas acabou desistindo, conforme disse recentemente o presidente da Triunfo, Carlo Aberto Bottarelli. O consórcio formado entre a espanhola Aena e a brasileira Engevix – que já controla o aeroporto de Brasília – também jogou a tolha devido à restrição, que obrigaria a Aena a ter 85% do consórcio, exigindo muito da estatal estrangeira.
A construtora mineira Fidens, que está em parceria com o grupo Galvão e a operadora americana ADC&HAS, descartou disputar Confins – mas ainda avaliava Galeão nos últimos dias. Também estão na disputa o consórcio entre Carioca, ADP, Schiphol e GP Investimentos; a sociedade entre Queiroz Galvão e a espanhola Ferrovial; e por fim a parceria entre EcoRodovias e Fraport – que deve contar ainda com a Invepar.
Enquanto entrega as propostas pelos dois aeroportos, a CCR já avalia opções que podem ser vistas como alternativas para seu crescimento caso não consiga terminar vitoriosa no processo (inclusive no setor aeroportuário) – conforme revelou a companhia no seu evento anual CCR Day, ocorrido na última semana.
A maior novidade no radar da companhia é o aeroporto de Santiago, no Chile, que está em processo de privatização por parte do governo daquele país. O terminal movimenta 15,2 milhões de passageiros ao ano, um número bastante semelhante ao do aeroporto de Galeão – que movimentou 17 milhões no último ano. A CCR já estuda os números do contrato, que exige US$ 716 milhões em investimentos e tem prazo de 15 anos de concessão. O edital deve ser publicado em maio do ano que vem.
A companhia, como várias outras que estão imersas nos estudos dos aeroportos, também estuda os números das rodovias em licitação pelo governo. A expectativa é que até quatro lotes sejam disputados em leilão ainda neste ano. A CCR comemora o diálogo entre setor e governo, que resultou na elevação das tarifas teto de pedágio, que antes eram vistas como inviáveis pela iniciativa privada. Vence a empresa que oferecer o maior desconto de tarifa em relação ao proposto pelo governo.
A CCR está ainda diante de uma posição mais firme do governo em relação aos conhecidos aditivos contratuais nas rodovias federais que já administra. A companhia planeja novos investimentos na Dutra e na Ponte Rio Niterói, que somam R$ 3,3 bilhões. Mas, como as obras não estavam previstas no contrato original, tiveram que negociar. Segundo o presidente da CCR, Renato Vale, o governo planeja um mecanismo para a Ponte para ter a opção de pagar por esses R$ 300 milhões em investimentos ou estender o prazo de contrato. Depois de discutir os detalhes para a Ponte, a empresa e governo discutirão os aditivos na Dutra, os quais podem somar R$ 3 bilhões.