O governo do presidente interino, Michel Temer, decidiu cortar drasticamente o programa de investimentos federais em aviação regional lançado pela presidente Dilma Rousseff, reduzindo de 270 para 53 o número de aeroportos que passarão por obras de ampliação a partir do próximo ano. As informações são do jornal Folha de SP, em matéria publicada hoje (24/8).
Segundo o texto, o governo “chegou à conclusão” de que não seria necessário contemplar no projeto 270 aeroportos; apenas 53.
Ainda de acordo com a Folha, dos R$ 7,3 bilhões estimados no projeto criado no governo Dilma, pouco efetivamente foi aplicado desde o lançamento da proposta, há quatro anos. Agora, o orçamento previsto foi reduzido para R$ 2,4 bilhões a serem investidos até 2020. Além dos 53 aeroportos escolhidos, outros 123 aeródromos poderão receber investimentos, “à medida que a situação econômica melhorar ou se os Estados assumirem os projetos”.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Francisco Lemos, é lamentável que o governo de um país com território tão grandioso, praticamente continental, e com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, pulverizada, promova esse corte de investimentos na aviação regional. “Do ponto de vista da integração social, cultural, econômico-financeira, é muito frustrante que o governo federal subtraia grande parte dos objetivos desse projeto”, afirma. Lemos ressalta que a opção do atual governo interino lembra muito o que o Brasil viveu nos anos de 1950 e 60. “Na época, vimos o desmantelamento do sistema ferroviário. Agora, na aviação, a tão sonhada integração nem chegou a acontecer para o povo no interior do Brasil. Essa política arcaica de investimento irá nos condenar a sermos matutos forever”, lamenta.

Em São Paulo, dos 19 aeroportos regionais que figuravam no primeiro projeto, apenas dois serão contemplados: em Sorocaba e no Guarujá. Outros seis foram repassados ao governo estadual para serem leiloados em concessões.
Em relação à primeira listagem nacional, com 270 aeroportos, o governo alega que a redução se deve, em parte, à constatação de que 94 projetos seriam inviáveis, por ficarem perto de aeroportos já em operação, ou em locais inadequados, como áreas de preservação, ou sem demanda.

Dos 53 aeroportos que mantiveram-se na lista, 27 já recebem voos e outros 11 estão numa lista de prioridades entregue pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). O governo interino diz ainda que definirá em breve o sistema de subsídios das passagens aéreas regionais, para dar sustentação ao programa, e que dará prioridade para a região Amazônica, cumprindo o estabelecido em lei.
Acesse AQUI a matéria da Folha, na íntegra.