PSDB ‘esconde’ Azeredo e elogia atuação do STF

Em ato tucano, Aécio e Fernando Henrique criticaram o PT e os presos no mensalão; réu no mensalão mineiro, ex-governador não compareceu

José Maria Tomazela e Gustavo Porto enviados especiais do Estadão

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Réu em ação penal do chamado mensalão mineiro, o deputado federal Eduardo Azeredo (MG) não participou nesta segunda-feira, 18, de um evento do PSDB no qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Aécio Neves (MG) fizeram duras críticas ao PT e aos petistas presos por envolvimento com o mensalão federal. O evento intitulado “Federação Já”, que reuniu em Poços de Caldas, no sul de Minas, oito governadores tucanos e as principais lideranças do PSDB, se transformou num ato de apoio à candidatura de Aécio ao Palácio do Planalto em 2014.

Ex-governador de Minas, ex-presidente nacional do PSDB, Azeredo não compareceu. O atual deputado federal é réu em ação penal no Supremo Tribunal Federal, acusado de envolvimento num esquema de financiamento ilegal de sua campanha à reeleição para o governo mineiro, em 1998.

Azeredo compareceu a eventos recentes do PSDB no Estado. Esteve, por exemplo, no encontro realizado em Uberlândia, em outubro, e na posse do ex-ministro Pimenta da Veiga na secção mineira do Instituto Teotônio Vilela, em agosto.

Nos discursos em Poços de Caldas, Fernando Henrique e Aécio se revezaram nos ataques ao PT e aos condenados no mensalão. “Estamos num momento em que as estruturas políticas perderam a credibilidade porque aqueles que hoje exercem o papel maior na República não souberam honrar com a confiança que o povo depositou neles e transformaram-se em negocistas e, em nome de transformar o Brasil, transformaram suas próprias vidas”, disse o ex-presidente. “Hoje vejo que a Justiça começa a se fazer”, completou FHC.

Decisão política. Aécio disse que o PSDB não “comemora prisões, o sofrimento de quem quer que seja, por mais radical que seja o adversário”. “Porém, lamento que o presidente do PT confunda decisão da Suprema Corte com decisão política”, disse, numa referência à afirmação do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de que as prisões foram políticas. “Não contribui para a democracia um partido querer transformar esse caso em fato político.”

Presidente nacional do PSDB, Aécio, contudo, evitou falar sobre o mensalão mineiro e sobre a ausência de Azeredo no ato. Ao ser perguntado, disse que “a lei vale para todos” e encerrou a entrevista. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, evitou o assunto quando questionado sobre possíveis implicações da prisão dos condenados no mensalão nas ações penais resultantes da denúncia envolvendo a campanha de Azeredo em 1998. “Não é questão político-partidária, é institucional”, afirmou.

Ausência de Serra gera desconforto

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) admitiu o incômodo do partido com a ausência do ex-governador e ex-prefeito de São Paulo José Serra no ato tucano em defesa de um novo pacto federativo, pelo fortalecimento de estados e municípios. “A unidade não pode ser total, mas progressivamente será total”, disse FHC, que não mencionou sequer o nome de Serra e disse esperar que “essa pessoa citada esteja em outros atos” do partido. “O PSDB está unido”, completou.

O ato é realizado em Poços de Caldas, cidade mineira onde o senador e presidente do PSDB Aécio Neves foi recebido aos gritos por militantes do partido como o futuro candidato tucano à sucessão da presidente Dilma Rousseff. Aécio e Serra disputam a indicação do PSDB para a candidatura tucana em 2014 e recentemente trocaram farpas pela imprensa.

Coube ao governador paulista, Geraldo Alckmin, tentar minimizar a saia-justa com a ausência de Serra. “Eu tomei ontem um café com o Serra e ele me pediu que trouxesse o apoio ao federalismo e à unidade do PSDB no tema”, disse Alckmin. Para Aécio, o governador paulista demonstrou o apoio e pediu ao senador “que percorra o País”, numa referência à campanha do próximo ano.

O ato político comemora ainda os 30 anos da “Declaração de Poços de Caldas”, apontada como o primeiro documento público do Movimento das Diretas Já, divulgado em 19 de novembro de 1983 na cidade mineira pelos então governadores Tancredo Neves, de Minas Gerais, avô de Aécio, e Franco Montoro, de São Paulo. Na abertura do ato, a cantora Fafá de Belém entoou, assim como fazia no movimento, o hino nacional.

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