Viagens de avião cada vez mais populares

Por Roze Martins para DIÁRIO DO VALE)

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Recentemente um estudo do Ministério do Turismo (MTur), com base em dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), revelou que o brasileiro está viajando cada vez mais de avião dentro do País. E dentro desta realidade, agências de viagens de municípios como Volta Redonda e Barra Mansa também comemoram o aumento pela procura por passagens aéreas nos últimos anos que, conforme apontam os agentes, está associado a fatores como facilidade de parcelamentos, segurança, agilidade no trajeto e aumento do poder de compras da classe C.

De acordo com o empresário Benedito Oliveira dos Santos, proprietário de uma agência, pode-se afirmar que, nos últimos oito anos, as vendas de passagens aéreas atingiram um aumento considerável de cerca de 30% a 40%. “Essa tendência vem aumentando cada dia mais porque, muitas das vezes, as viagens de ônibus além de mais demoradas, estão com preços mais caros do que de avião.

Uma pessoa que vai para Recife pode pagar para viajar dois dias e duas noites, de ônibus, o mesmo, ou até menos, que pagaria para ir de avião em um trajeto de 2h40min”, comparou.

Segundo Santos, as facilidades de pagamento das viagens com cartão de crédito, que permitem parcelamentos em até dez vezes, sem juros, já se tornou um grande atrativo para a nova classe consumidora deste tipo de serviço que, inclusive, já programou sua viagem de final de ano e férias. “As reservas de pacotes para esses períodos são feitas com até quatro meses de antecedência, porque as pessoas se programam ao longo do ano. Dentro do País, os destinos mais procurados são as cidades e capitais do Nordeste como: Fortaleza, Recife, Maceió, Porto de Galinhas, Salvador e Natal”, comentou Santos.

De acordo com ele, a recente alta do dólar influenciou ainda mais a procura por pacotes para esses lugares, tendo em vista que 30% dos clientes que iriam fazer viagens internacionais optaram em mudar o destino. “Teve muita gente que desistiu da viagem internacional e se programou para conhecer pontos turísticos do próprio País”, acrescentou.

Outra que percebeu um aumento nas vendas de passagens aéreas foi a agente de viagens Márcia Reis Batista. Conforme destaca, nos últimos cinco anos esses índices chegaram a 30%, correspondendo a maioria dos novos clientes que já não encontravam mais vantagens em fazer as viagens de ônibus. Isso porque, além da demora, também colocavam na ponta do lápis despesas como refeição, banho, entre outros gastos de um trajeto mais longo.

“Nossas vendas de pacotes nacionais só não são maiores porque temos a concorrência das opções de compra pela internet, que oferecem oportunidades de promoções. Mas é fato que, nos últimos anos, o alcance de um melhor poder aquisitivo vem influenciando as viagens aéreas. A população está com condições de investir em lazer”, observou a agente, ao ressaltar que as vendas atuais já correspondem ao período de férias de janeiro a março.

Sem parar

De volta ao Brasil após treze dias em Portugal, a jornalista Isabele Fernandes, de 33 anos, já pegou gosto pelas viagens de avião. Ela disse que essa foi sua primeira experiência internacional, no entanto, nos últimos anos tem procurado realizar, no mínimo, uma viagem por ano para outros estados do Brasil. Além de Salvador (BA), ela também conheceu as cidades de Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).

“Hoje em dia está muito acessível fazer viagens de avião. Sem falar nas promoções de companhias aéreas que facilitam bastante. Essa foi a primeira internacional, mas Chile e Argentina já estão no roteiro pra início do ano que vem. Viemos pra Portugal e aproveitamos para conhecer algumas cidades espanholas próximas. Essa viagem nos motivou a conhecer novos lugares, os portugueses são muito receptivos e passamos por lugares lindíssimos. Vale a pena se programar – comentou Isabele, que fez o passeio na companhia da mãe, a aposentada Maria Isabel Fernandes, de 68 anos, de um irmão e da cunhada.

Outra que não abre mão de fazer suas viagens, durante o ano, é a enfermeira Rosilene Aparecida de Almeida, de 36 anos. Conforme contou, ela se programa para parcelar ao menos dois pacotes aéreos, através dos quais têm conhecido vários estados do País. Sempre na companhia de amigas de profissão, o último passeio foi para Florianópolis (SC).

“Eu e minhas amigas estamos sempre atentas às promoções das companhias áreas e conseguimos ótimos descontos e parcelamentos. Nesse ano fomos para Macéio, no começo do ano, e há dois meses para Florianópolis” – explicou, revelando que comprou a passagem para Maceió, de avião, pelo mesmo valor de uma passagem de ônibus.

De acordo com Rosilene, que está terminando de pagar um pacote que fez para conhecer Natal, em janeiro, o próximo investimento será uma viagem internacional. Ela e a irmã planejam levar o sobrinho, de dez anos, para conhecer a Disney, nos Estados Unidos. Consciente de que vai precisar de um investimento maior para realizar esse passeio, a enfermeira explicou que vai abrir mão de uma viagem nacional, no próximo ano, para conseguir realizar o sonho do sobrinho.

“Ele sempre quis andar de avião e também sonha em conhecer a Disney. Vai ser duas realizações ao mesmo tempo. Viajar é sempre muito bom e, embora as coisas tenham melhorado para a classe C, como é o meu caso, é uma pena que ainda muitas famílias não tenham condições de investir nesse tipo de lazer” – finalizou a enfermeira.

Para todas as classes

De acordo com a economista Sônia Vilela, é certo afirmar que está havendo um “boom” de viagens de avião por parte de famílias das classes C, diferente de dez anos atrás, quando somente pessoas de alto poder aquisitivo utilizavam o serviço aéreo brasileiro. “Os preços mais baixos, a competição no setor aéreo, a facilidade de crédito foram fatores decisivos para o “boom” no setor, propiciado pelo acesso das classes menos favorecidas economicamente”, comentou a economista.

De acordo com ela, essa demanda também está associada a fatores como o curto tempo de viagem – ainda que os atrasos das companhias aéreas sejam frequentes – e as dificuldades de mobilidade encontradas em transportes rodoviários por conta dos engarrafamentos, estradas mal conservadas e inseguras. Levando em conta que o parcelamento das viagens no cartão de crédito é uma prática comum entre a classe C, a economista alertou para que, mesmo diante das vantagens oferecidas, a população se atente para que a viagem não se transforme em algo negativo.

“É necessário programar e planejar com antecedência, fazer um orçamento prévio de todas as despesas e, preferentemente, pagar as despesas antes de viajar, para que o passeio não seja tolhido por poucos recursos ou por excesso de despesas não planejadas, transformando um passeio que deveria ser inesquecível em uma dívida impagável”, orientou.

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