Por Adriana Leite para iG
O terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Viracopos é o mais eficiente do País no desembaraço de mercadorias. Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan mostra que o tempo médio de liberação de cargas importadas é de dois dias e meio. O aeroporto apresentou a maior redução no trâmite dos produtos entre 2012 e este ano. A queda foi de 50%. Em agosto do ano passado, o tempo médio era de cinco dias. O aeroporto movimentou 110,63 mil toneladas de importações de janeiro a agosto de 2013. O levantamento analisou o desempenho de portos e aeroportos que adotaram o atendimento durante as 24 horas do dia para o desembaraço de mercadorias. De acordo com a Firjan, o segundo melhor resultado foi do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, cujo tempo médio de liberação é de quatro dias e meio. O terceiro posto foi ocupado por Manaus, com cinco dias e a quarta colocação é do Galeão, no Rio de Janeiro, que tem um trâmite médio de sete dias.
A extensão do período de atendimento foi implantado neste ano por parte dos portos e aeroportos brasileiros. O objetivo é agilizar os trâmites burocráticos no desembaraço de cargas. Um dos gargalos da logística no Brasil é o tempo em que as mercadorias demoram desde a chegada até a saída dos terminais. O novo sistema de operação envolve vários órgãos como a Receita Federal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O especialista em Competitividade Industrial e Desenvolvimento da Firjan, Riley Rodrigues de Oliveira, afirmou que os resultados do levantamento, com base no movimento das importações, mostraram que a implantação do atendimento de 24 horas reduziu o tempo de liberação de cargas nos terminais. “Lei federal prevê o funcionamento durante 24 horas. Nós dialogamos com o governo e tivemos uma resposta positiva com a implantação do atendimento”, disse. O especialista acrescentou que há um esforço dos servidores para diminuir os prazos de trâmite dos processos aduaneiros.
Oliveira afirmou que Viracopos é o mais rápido do Brasil na liberação das mercadorias. “O terminal de Campinas tem como uma das características o forte movimento de cargas. Houve uma queda de 50% no tempo de liberação das cargas entre o ano passado e 2013. O período médio é de dois dias e meio, mas a implementação de novas políticas dos agentes envolvidos com as operações de comércio exterior pode baixar o tempo para um dia”, previu.
Ele disse que a avaliação realizada pela entidade apontou que nos portos a redução média foi de 2,6 dias. O menor tempo de despacho das cargas foi registrado no Porto do Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul. O prazo é de 14 dias. No ano passado, o tempo era de 16 dias. Em Santos, maior terminal do País, o período é de 16 dias. “Os portos têm peculiaridades que influenciam no tempo de liberação de cargas. Por Santos, passam diferentes tipos de mercadorias. Outros locais são mais focados em um determinado produto”, afirmou.
O especialista ressaltou que os governos vêm se esforçando para promover uma mudança no sistema logístico nacional. Ele antecipou que a entidade negocia com a União a implantação de um guichê único em que as empresas fariam todos os processos relativos ao trâmite das cargas. “No Chile, o sistema de porta única trouxe mais eficiência na liberação das cargas. Nós defendemos que o Brasil também adote um projeto semelhante”, disse. Oliveira afirmou que hoje há uma lista de 115 documentos que podem ser exigidos para o desembaraço de mercadorias. “A quantidade depende de cada carga.”
Investimentos
O presidente da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, Luiz Alberto Küster, afirmou que a empresa investe mais de R$ 60 milhões para fortalecer o setor de cargas de Viracopos. “O levantamento da Firjan reforça os resultados positivos conquistados a partir de ações promovidas para melhorar a estrutura dos terminais de carga e também de novos sistemas para agilizar a liberação das cargas”, afirmou.
Ele disse que a concessionária realizou um mapeamento da área assim que assumiu o aeroporto.
O executivo disse que parte dos recursos investidos é usada para ampliar a estrutura dos terminais. “A capacidade da área de câmaras frias vai passar dos 12 mil metros cúbicos para 20 mil metros cúbicos”, adiantou. Küster disse que estão sendo adquiridos novos equipamentos e um sistema de software. O presidente ressaltou que o aeroporto está funcionando no sistema de 24 horas e que há um trabalho conjunto entre a concessionária e os órgãos oficiais. Ele acredita que a divulgação da Firjan irá atrair mais negócios para Viracopos.